(...) Lembro-me com nitidez do dia em que entrei no salão O Nome da Rosa para entrevistar Maria Emília Lemos. Cumpria nessa data dois anos ao serviço do Regional. Como qualquer solitário sou dado à melancolia dos balanços. Pensando naquele período não pude deixar de sorrir da minha capacidade de adaptação. As borgas com os comissionistas, eivadas de irresponsabilidade adolescente, eram uma excelente estratégia escapista. Sentia-me um romântico em trânsito pela terra dos cínicos.
Tenho simpatia política por aqueles que defendem a luta de classes como o motor da História. No entanto, inclino-me para atribuir esse papel tractor e precursor ao acaso. Se fundasse uma teoria geral da evolução do mundo, quer fosse uma ideologia quer fosse uma religião, dando-se o caso de uma e outra coisa não serem o mesmo, talvez chamasse acasismo a essa minha tese definitiva (...).
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